quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O dia de hoje na história judaica - 27 Cheshvan 5774





Fim do Dilúvio
(2104 AEC)



"O Dilúvio" aqui retratado num dos painéis no tecto da capela Sistina. É a cena central dos três frescos que retratam a vida de Noé, é possível ver a arca com que a família do profeta se salvou e pessoas ao redor tentando escapar do dilúvio.



A 27 de Cheshvan de 1657 (2104 AEC), "a terra secou" (Bereshit 8:14), completando os 365 dias de duração do Dilúvio que aniquilou toda a vida na terra, excepto os oito seres humanos e os animais (dois de cada espécie) na Arca de Nôach; neste dia D'us ordenou a Nôach: "Sai da Arca; repovoe, estabeleça e civilize a terra.”



Estátua em homenagem a Noé, Palazzo Ducale, Venice 
Foto de Giovanni Dall'Orto



Fontes:

Canções Tradicionais Sefarditas



Recital de canções tradicionais sefarditas por "Aurora ao Crepúsculo", com Teresa Gonçalves (voz) e José Tavares (alaúde).

(Ano - 2013 )





Pintura de Mário Leitão Silva
“Tocadores de Alúde”

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lisboa vai ter um MUSEU JUDAICO em Alfama!






Lisboa terá em breve um Museu Judaico, só não se sabe exactamente quando. É um projecto que já se arrasta há anos, mas nunca saiu do papel por falta de financiamento.

A grande maioria dessas verbas vem do programa EEA Grants (financiado por países europeus), e irá reabilitar as judiarias e o seu património.




A Judiaria de Alfama, onde ainda existe uma Rua da Judiaria. É aí perto que será instalado o futuro Museu Judaico, num edifício no Largo de São Miguel. Este encontra-se devoluto mas já tem projecto aprovado, revelado na cobertura da fachada.


Será um espaço que visa dar a conhecer a história e cultura dos judeus lisboetas e portugueses.



Fontes:

Retirado na integra do Blog do Carlos Baptista "Por Terras de Sefarad"

Via:  http://www.lisbonlux.com/lisbon-news
(Outubro de 2013)
As duas primeiras fotografias da Lisbon Lux

אלוקים באו גויים


Boker Tov!
Pintura de Anna Coogan


domingo, 27 de outubro de 2013

Curiosidades Judaicas!



Lápide do túmulo de Clara Ferreira, 
1806, ilha de Rodes, Grécia.



“Abençoado seja o Juiz da Verdade. Entoai uma ode de lamento com voz amarga. Como Sara, a sua luz extinguiu-se. Lugar de enterro da honrada e nobre mulher, Clara, o pilar de Abraão Ferreira. 

Ela foi retirada deste mundo no 12º dia de Elul do ano de 5566 [1806]. Que a sua alma seja eterna.”


(Agradecimentos à Rhodes Jewish Historical Foundation)

Fonte:
Blogue Rua da Judiaria, (ano de 2004).

Dan Mendonza – O Lutador de Boxe Judeu






Daniel Mendoza foi o primeiro judeu lutador de box a tornar-se campeão. Embora ele apenas pesasse 73 kg e medisse 1.70, Mendoza foi Campeão de Inglaterra em 1792-1795. 


Sempre orgulhoso da sua herança, auto intitula-se como 
"Mendoza, o judeu".







Dan foi o pai do conhecimento do boxe científico. Numa época em que o desporto do boxe consistia apenas em dar socos, Mendoza introduziu o conceito de defesa. Ele desenvolveu a guarda, a esquerda em linha reta, e inventou o contorno de táticas. Esta nova estratégia foi desenvolvida e ensinada na Escola de Mendoza, também conhecida como a escola judaica, mas acabou por ser falado em alguns círculos como covarde. No entanto compreendia-se, era a forma que Mendoza tinha para compensar e aliar a sua pequena estatura, com a sua velocidade e poder de perfuração.




A sua primeira luta de boxe foi registada com um nocaute do adversário, conhecido como Harry o Coalheaver, a quem ele despachou em 40 rodadas. 

Obtinha assim uma vitória na sua primeira luta profissional, em 1787. Dan ganhou o patrocínio do Príncipe de Gales (mais tarde George IV), e foi o primeiro pugilista a ganhar esta honra. A sua aceitação por parte da realeza britânica que o ajudou a elevar a posição dos judeus na sociedade Inglesa e conteve a maré viciosa de anti- semitismo que muitos ingleses liam na caracterização de Shylock de Shakespeare em “The Merchant of Venice”.

Mendoza teve uma série de lutas contra o rival Richard Humphries, em 1788, 1789 e 1790. Ele perdeu a primeira batalha em 29 rodadas, mas ganhou o último par de 52 e 15.



Daniel Mendoza, Mendoza " o judeu " dos rounds. Eram as suas palavras.


O título de boxer Inglês em 1791 passa a ser de Dan, quando o campeão vigente, Benjamin Cérebro, se aposentou. Outro top boxer Inglês, Bill Warr, contestou a alegação de Mendoza. Em maio de 1792, os dois se encontraram para resolver a questão em Croydon, Inglaterra. Mendoza foi vitorioso em 23 rodadas. Warr e Mendoza reuniram-se novamente em Novembro de 1794, e desta vez o campeão precisou apenas de 15 minutos para eliminar o adversário.





Mendoza era descendente de Marranos  espanhóis (judeus coagidos à conversão ao cristianismo) que viveu em Londres por quase um século. Tornou-se uma figura tão popular na Inglaterra que canções foram escritas sobre ele, e seu nome apareceu em cartazes de inúmeras peças. 








Suas aparições pessoais enchiam teatros, retratos dele e de suas lutas foram assuntos populares para artistas, e medalhas comemorativas foram desenhadas em sua honra. Daniel Mendoza foi um dos eleitos do grupo inaugural em 1954 para o Hall da Fama do Boxe e da aula inaugural da Internacional Boxing Hall of Fame em 1990.


Fontes:


sábado, 26 de outubro de 2013

Palavra da semana: Simplifique :)



Shavua Tov!

Pintura de Rebecca Bergson




O dia de ontem na história judaica




Ontem, dia 22 de Cheshvan do ano 5774 da era judaica, passavam 258 anos da data que assinala o terramoto de Lisboa (5516).


 Terremoto em Lisboa (1755)


Um grande terremoto atingiu Lisboa, Portugal, destruindo grande parte da cidade, incluindo o:

Tribunal da Inquisição.




O Tribunal da Santa Inquisição


O Paço dos Estaus ("estaus" = estalagem) foi mandado erguer em 1449 pelo então regente D. Pedro como palácio para albergar pessoas da corte sem residência própria e os monarcas e embaixadores estrangeiros.

Neste paço habitou D. João III desde 1540, recebendo ali nesse ano São Francisco Xavier, e aí se realizaram muitas festas de corte. Foi aí que morreu D. Duarte, filho de D. João III, e que D. Sebastião recebeu das mãos do cardeal D. Henrique o governo do reino.

Em 1571 nele se instalou o Tribunal da Santa Inquisição, sendo então oficialmente designado por Casa de Despacho da Santa Inquisição.

Pelo terramoto de 1755 ficou muito arruinado, sendo reedificado sob a direção de Carlos Mardel. No lugar do Palácio dos Estaus, em 1807, passou a instalar-se o Paço da Regência e, em 1826, a Câmara dos Pares, sendo também ali instalada a Academia Real de Fortificação, a Secretaria da Intendência da Polícia, a Escola do Exército e o Tesouro Público.

Em 1836, funcionando nele o Tesouro, ardeu completamente, tendo sido construído no seu lugar, o Teatro Nacional D. Maria II, inaugurado em 1846.



O GRANDE TERREMOTO de LISBOA  

Gravura britânica, publicada em Londres em 1756. O rei português, D. José I, frente a uma Lisboa em ruínas, pergunta a um padre anglicano quais as causas do terremoto; o sacerdote protestante mostra-lhe um “auto-da-fé”, dizendo que “queimar pessoas provoca a ira divina” (Jan Kozak Collection, Universidade de Berkeley, Califórnia). (Fonte: Rua da Judiaria - O Terramoto de Lisboa, os judeus e a Inquisição).



Nota:
Como já perceberam, a maioria das notícias que aqui coloco, faço-o no dia referente à era Judaica e poucas vezes no calendário gregoriano, sendo que por este calendário este acontecimento teve lugar no dia 01 de Novembro de 1755. ZD


Fontes:

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Para todos vós...


Shabat Shalom! 


Pintura de: Julie Wohl


Cartas de Lisboa | Chayei Sarah



Chayei Sarah

O falecimento de Sara e os eventos que o rodeiam ocupam lugar central na parte inicial da Parshat desta semana.

Xilogravura por Gustave Doré retratando o enterro de Sarah na caverna


O Rabino Avraham Saba, no seu comentário Tzror Hamor, refere o Midrash segundo o qual a morte de Sara se deveria ao choque que teve ao ouvir as notícias sobre a "Akeidah" de Isaque.

Tomando este difícil episódio como ponto de partida, ele inicia um extenso tratado sobre "Tov v'Ra", o bem e o mal, e como estes se nos afiguram. Sem comentar sobre como Sara se terá sentido, ele lembra-nos da complexidade envolvida em julgar apenas pelas aparências.

Ainda que possamos desfrutar o sucesso dos nossos feitos, a nossa satisfação tem de ser mitigada pela realidade de que nós apenas conseguimos enxergar uma visão parcial das coisas. O mesmo é certo para os desafios com que nos deparamos. Não sabemos na verdade como os acontecimentos se vão desenrolar.





Mesmo quando passamos dificuldades e desafios a nossa fé diz-nos que há mais do que se vê à primeira vista. O Rabino Saba acrescenta: “Eu próprio vi isto na minha própria vida.”



Imagem: Segunda edição do livro Tzor Hamor em Veneza 1545






Para fazer sentido da vida, diz o Rabino Saba, precisamos de adicionar a este cenário o elemento que lhe falta – a Torá, a qual é comparada ao sal. Quando adicionado a qualquer comida, o sal extrai o seu sabor e amplia a nossa capacidade sensorial. Ao avaliar as nossas experiências a Torá faz isso mesmo.

Quando as coisas parecem confusas e pouco claras, a perspectiva que a Torá nos traz é o que nos permite descodificar as complexidades do que em última análise é bom ou mal.

Estas directivas incluem “mastigar bem” para poder descobrir o que de bom existe em toda e qualquer situação.




De facto, em Pirkei Avot (6:4) é-nos dito para “comer o nosso pão com sal”. 




O Rabino Saba sofreu imensamente em Portugal durante o período da Expulsão, mas a sua inquebrável dedicação à Torá mesmo na presença de todas estas dificuldades é representada pelo seu comentário no Tzror Hamor, o seu legado perpetuará em todos nós.



Cortesia de:
Rabino Eli Rosenfeld


chabadportugal.com
Shabat Shalom!


Fontes das imagens:

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Um judeu alemão actor e director de cinema






Kurt Gerron - (11 de Maio de 1897 - 28 de Outubro 1944) foi um judeu alemão actor e director de cinema.




Pintura de Shalom Sebba






Kurt Gerson nascido de uma família de comerciantes abastados de Berlim, estudou medicina antes de ser chamado para o serviço militar na I Guerra Mundial. Após ser gravemente ferido, ele foi colocado como médico militar no exército alemão (apesar de ter sido feito apenas o segundo ano na universidade). Depois da guerra Gerron virou-se para uma carreira nos palcos, tornando-se um ator de teatro sob a direção de Max Reinhardt, em 1920. Ele apareceu em papéis secundários em vários filmes mudos e começou a dirigir curtas-metragens em 1926.


A popularidade de Gerron no cinema veio com O Anjo Azul (Der Blaue Engel, 1930) com Marlene Dietrich. 




Dois anos antes, Gerron originou o papel de "Tiger" Brown na produção 1928 premiere de A Ópera dos Três Vinténs (Die Dreigroschenoper), no Teatro Berlim no qual ele também cantou " Mack the Knife ". Com o sucesso internacional do show, o nome de Gerron e já com voz gravada, tornou-se conhecido em toda a Europa.







Depois de 1933 a tomada do poder pelos nazis (conhecido hoje como o Machtergreifung), Gerron deixou a Alemanha nazi com sua esposa e pais, viajando primeiro para Paris e depois para Amesterdão. Ele continuou a trabalhar lá como actor no e dirigiu vários filmes. Várias vezes lhe ofereceram emprego em Hollywood por intermédio de Peter Lorre e Josef von Sternberg, mas ele recusou-se a deixar a Europa.




Após a Wehrmacht ocupar a Holanda, Gerron foi colocado pela primeira vez no campo de trânsito de Westerbork, antes de serem enviados para o campo de concentração de Theresienstadt. Lá, ele foi forçado pela SS para encenar a revisão cabaret, Karussell, no qual ele voltou a cantar Mack the Knife, bem como composições de Martin Roman e outros músicos e artistas presos.




Em 1944, Gerron foi coagido a dirigir a propaganda em filme destinado a ser visto em países "neutros" (na Suíça, Suécia e Irlanda, por exemplo) que mostram como eram as condições "humanas" em Theresienstadt. Depois de concluída a filmagem, Gerron e os membros do de Jazz Martin romanos 's Swingers do gueto foram deportados no último comboio de transporte para o campo de Auschwitz. Gerron e sua esposa foram gaseados imediatamente à chegada, junto com toda a comitiva do filme (exceto Roman e o guitarrista Coco Schumann). No dia seguinte, Reichsführer SS Heinrich Himmler ordenou o fechamento das câmaras de gás.








Fontes:

Issachar Ber Ryback






Issacar Ber Ryback nasceu a 2 de Fevereiro de 1897 em Jelisawetgrad, agora Kirovohrad, Ucrânia, faleceu a 22 de Dezembro 1935, em Paris e foi um pintor russo-francês.



Ryback frequentou a escola de arte em Kiev até 1916. Ele se juntou a um grupo de pintores progressistas e estava sob a influência dos defensores de uma literatura judaica moderna, como David Bergelson e David Hofstein, o pintor Alexander Bogomazow e Alexandra Exter. Quando, na primavera de 1917, em Moscovo participou de uma exposição de pintura e escultura judaica, as suas obras tiveram um lugar de destaque.







Após a Revolução Russa, ele esteve envolvido em diversas actividades para redefinir uma cultura ídiche avant-garde na União Soviética e foi para Moscovo. Depois o seu pai e outros soldados foram mortos durante os pogroms na Ucrânia Petljura, ele fugiu para Vilnius em Abril de 1921, e em Outubro de 1921 recebeu um visto para a Alemanha. 







Para Miriam Margolin ele ilustrou três livros de histórias iídiche, e as suas litografias shtetl foram impressas em 1923 numa publicação emergente. 





Em Berlim ele trabalhou para uma organização de educação judaica, a União Mundial ORT, para a qual ele desenhou o logotipo. Em 1924, ele tentou novamente a trabalhar na União Soviética nos palcos para teatro iídiche.





Em 1926 emigrou definitivamente para Paris. Em 1928, ele teve uma exposição individual na "Galeria aux Quatre Chemins" e 1929 em "L'Art Contemporain Gallery", seu estilo de pintura é agora orientado para a cor expressionista da École de Paris entre as guerras. Outras exposições individuais em galerias com por exemplo, em Haia, Roterdão, Bruxelas e Antuérpia. Em 1935, ele viajou para a abertura da exposição de Cambridge.








Ryback foi contemporâneo do artista judeu russo El Lissitzky, Isayevich Natan Altman, Boris Aronson e Chagall, que buscavam um renascimento da tradição judaica na arte moderna. A maior parte de sua propriedade está localizada no Museu Ryback em Bat Yam, em Israel.


Vida e obra de Issachar Ber Ryback



Fontes: