terça-feira, 9 de outubro de 2012

A sinagoga Torrazzo Norsa - Mântua, Itália.



A sinagoga Torrazzo Norsa foi construída em 1513 e reconstruída em 1751. Está localizada no prédio Govi n.º 11.



Existia um total de seis sinagogas no gueto de Mântua. No final do século XIX, foi decidido demolir o Bairro Judeu; entre 1899 e 1902, procedeu-se à transferência e reconstrução fiel de uma delas no pátio do edifício actual, que a partir de 1825 foi uma casa de repouso. A sinagoga Torrazzo Novi, de rito italiano, foi a única de Mântua que sobreviveu com o seu mobiliário original do século XVIII.  As outras sinagogas foram demolidas no início do século XX e seu mobiliário  perdido quase na totalidade e algum  transferido para Israel.


A sala de oração é de matriz retangular. As paredes e o teto são cobertos com estuque, a magnificência emocionante da Norsa é a sua reprodução de versículos da Bíblia em hebraico. O Aron e tevah estão frente a frente, um à esquerda e outro à direita da entrada, colocados em dois nichos, criados em três etapas e iluminados por janelas. Ambos são feitos de madeira e estão decorados com tecidos bordados finamente. Existem ainda duas fileiras de bancos paralelos e de madeira escura. Pendurados no teto têm belissimos  lustres de ferro forjado.

Aron Kodesh
 
 
Direita - Interior da sinagoga
 
 
 









A galeria está localizada na parede de entrada e tem vista para a sala de estar que é aberta com uma balaustrada de colunas.

A sinagoga Torrazzo Norsa é um monumento nacional e é agora regularmente aberta ao público.

As instalações do edifício da sinagoga abrigam a comunidade judaica de Mântua e a Associação Cultural de  Mântua. Na entrada existe uma placa, colocada em 25 de Abril de 1998, que lembra os "64 cidadãos judeus deportados" daquela cidade, durante o ' Holocausto 'para campos de concentração nazis, dos quais eles não voltaram. " O piso superior é ocupado pelo rico acervo histórico, que abriga documentos de 1522 até ao presente, assim como manuscritos, livros e partituras.
Curiosidades
Foi na cidade de Mântua, que pereceu às mãos da inquisição italiana, o tão célebre português, Solomon Molcho.
Assinatura de Salomon Molcho

Diogo Pires (Lisboa, 1500 – Mântua, 1532), secretário de D. João III, depois da visita a Lisboa do misterioso David Reubeni, vindo da Arábia, mudou o seu nome para Salomão (ou Solomon) Molcho, circuncidou-se a si mesmo (quase encontrando a morte) e, fugindo de Portugal, assumiu a sua condição judaica. Na Arábia do século XVI havia judeus e, no entanto, Salomão Molcho haveria de fugir de Portugal e morrer às mãos dos inquisidores italianos…
 Vestes de Solomon Molcho


Visionário, cabalista inspirado, assistido por um maggid (um guia celeste) segundo a lenda: um Maggid apareceu-lhe, encorajando-o e guiando-o desde então, numa altura em que ele, desanimado e cansado de perseguições, pediu um sinal aos céus. O maggid dá-lhe indicações para seguir para a Terra Santa.
O nosso compatriota, Salomão Molcho, passou ainda por Safed, onde, tal como nos outros locais por onde passou, deixou forte impressão. Misteriosamente, regressa a Roma, a “cidade iníqua”, onde é aclamado por prever com exactidão a cheia do Tibre (a 8 de Outubro de 1530). Ele e Reubeni conversam com o cruel Carlos V em Ratisbona. Ambos foram presos e levados para Itália. Molcho foi condenado à morte, considerado renegado da fé católica e levado para Mântua. Com as chamas lentas já a arder, ainda perguntaram se ele queria reintegrar na fé católica em troca da sua vida, mas Molcho morreu judeu.




A morte deste cabalista e misterioso português causou um choque tremendo em toda a comunidade judaica. Em Safed dizia-se que por lá aparecia Molcho todos os fins de tarde de Sexta-feira, entoando a bênção do Kiddush sobre um copo de vinho.



Uma nota muito interessante para portugueses interessados nos seus: ainda em 1923, a comunidade judaica de Praga tinha em sua posse uma capa de seda preta e uma bandeira de seda preta que pertenceram ao nosso Salomão Molcho. Na bandeira estavam bordados, em seda amarela, vinte e três versículos da Bíblia hebraica, dezanove dos quais retirados dos Salmos.



Fontes:


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