terça-feira, 10 de julho de 2012

Itzhak Luria e a “reparação do mundo”




Isaac (ben Solomon) Luria Ashkenazi (1534 - 25 de Julho de 1572) ( em hebraico : יִצְחָק בן שלמה לוּרְיָא אשכנזי Yitzhak Ben Sh'lomo Lurya Ashkenazi), vulgarmente conhecido como " Ha'ARI " (que significa "O Leão ")," Ha'ARI HaKadosh "[o IRA santo] ou" Ari "  [o ARI, Zikhrono Livrakha  ] era um lugar rabinico de um judeu místico na comunidade de Safed na Galiléia região  Otomano da Palestina. Ele é considerado o pai da contemporânea Cabala, os seus ensinamentos são referidos como Lurianic Cabala.



 
Fachada da sinagoga sefardita de Safed, onde Luria rezava. Construida no século XVI, foi destruída por um terramoto e reconstruída em 1857. Vejamos também um pouco do interior da mesma.

Embora sua contribuição literária direta para a escola cabalística de Safed tenha sido extremamente diminuta (ele escreveu apenas alguns poemas), sua fama espiritual levou-o à sua veneração e a aceitação da sua autoridade.


Os seus discípulos compilaram as suas obras e todos os seus ensinamentos orais na escrita. Todos os costumes do Ari foram analisados, e muitos foram aceites, mesmo contra a prática anterior.



Uma imagem surpreendente aguarda o turista que visita a encantadora cidade de Safed, nas terras altas da Galileia, no norte de Israel. Numa antiga sinagoga judia, a pintura num mural mostra nada menos do que o Domo do Rochedo, o mais antigo monumento arquitetónico islâmico, reverenciado por milhões de muçulmanos em todo o mundo. Construído no coração de Jerusalém, num local sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, o Domo é um símbolo dos profundos laços espirituais que unem as três religiões  e, por extensão, todas as religiões do planeta. Sua representação no interior de uma sinagoga oferece extraordinária lição de aceitação para o nosso tempo de conflitos. O edifício que ostenta essa pintura era a sinagoga de Itzhak Luria, um dos supremos mestres da cabala, e da tradição mística judaica.


Safed é hoje uma cidade de artistas. Mas, no século 16, abrigou uma brilhante comunidade de místicos, cuja atividade constituiu a idade de ouro da cabala. Itzhak Luria foi o maior deles. Chegou a Safed em 1569 e lá permaneceu por apenas três anos, até à sua morte precoce, em 1572. Esse exíguo intervalo de tempo foi suficiente, porém, para que se tornasse uma lenda viva. Dizem que era capaz de identificar, em um relance, o estágio evolutivo de cada pessoa e, com base nisso, prescrever o método mais adequado ao seu desenvolvimento espiritual. Como os grandes mestres do ioga, ele estabeleceu técnicas que transformavam o mais corriqueiro ato quotidiano em uma acção consciente, visando o aperfeiçoamento do praticante, e de todo o universo.


Seus discípulos recebiam exercícios espirituais específicos para praticar enquanto andavam, comiam ou rezavam. E até para evitar que ficassem puxando os fios da barba durante o estudo da Torá.

O livro que mudou sua vida
Nos círculos cabalistas, Luria é conhecido como Ari (Leão, em hebraico), cognome formado pelas iniciais das palavras Adonenu Rabbi Itzhak (Mestre Rabino Itzhak). E a comunidade mística de Safed se orgulhava de ser constituída por “filhotes do Leão”. Esse mestre sublime, que, segundo seus seguidores, conhecia até os mais recônditos segredos da criação, nasceu em Jerusalém, em 1534, e morreu em Safed, em 1572, com apenas 38 anos. Diz a tradição que, antes de o menino nascer, seu pai teve uma visão do profeta Elias, que lhe anunciou: “Por meio dele, a cabala será revelada ao mundo”. Fazendo jus à profecia, com apenas 8 anos, o pequeno Itzhak dominava o Talmude. Nessa época, o pai morreu e a família teve que se mudar para a casa de um tio rico, no Cairo.



Reconhecendo a genialidade do sobrinho, o tio confiou sua educação a um mestre de renome, Bezalel Ashkenazi. Luria estudou com  Ashkenazi até os 15 anos, quando se casou com a prima e encerrou sua educação formal.



Nesta altura, um facto, que para outros teria passado despercebido, mudou o rumo de sua vida. No ofício religioso da sinagoga, o jovem viu um estrangeiro que trazia nas mãos um manuscrito do Zohar, o mais importante tratado cabalista. Ele jamais contemplara tal livro antes. E não sossegou até adquiri-lo. Empolgado, Luria mergulhou inteiramente na leitura, mas o misterioso Zohar fugia ao seu entendimento. Atendendo ao que chamou de “ímpeto do Céu”, ele iniciou, então, um radical programa de estudo: durante cinco dias da semana, refugiava-se em uma cabana às margens do Nilo e se dedicava a jejuns, orações, meditações e ao Zohar; no sexto dia, voltava à sua casa, para a celebração do sabá (o sábado, dia do descanso, que os judeus religiosos dedicam inteiramente a D'us).
Um conceito central da chamada “cabala luriana” é o de tikkun ha olam, ou “reparação do mundo”. Pela prática do tikkun, cada ente humano pode e deve dar sua contribuição pessoal, única e intransferível para o aprimoramento do cosmo e para sua própria evolução. A descoberta do tikkun que lhe cabe realizar é uma aquisição fundamental para aquele que se engaja no caminho do auto-desenvolvimento.
 Tal ideia está em perfeita consonância com a doutrina luriana sobre o sentido da Torá. Em oposição ao fanatismo religioso, que se utiliza de versões literais dos textos sagrados para deslegitimar ou mesmo eliminar as opiniões divergentes, Luria ensinou que cada palavra da Torá possui 600 mil faces ou significados — uma para cada filho de Israel que se encontrava ao pé do Monte Sinai quando Moisés recebeu a revelação divina. Cada face está voltada para um só indivíduo, o único capaz de vê-la e decifrá-la.
O número 600 mil possui, obviamente, um carácter metafórico. Quer dizer muitos ou infinitos. E a afirmação feita em relação à Torá pode ser generalizada a todos os textos sagrados. Comentando essa ideia magistral, Gershom Scholem, um dos mais respeitados estudiosos da cabala nos tempos actuais, afirmou:

 “Cada homem tem seu próprio e único acesso à Revelação. A autoridade não mais reside em um singular e inequívoco ‘significado’ da comunicação divina, mas na sua infinita capacidade de assumir formas novas”.



Luria morreu em Safed, enquento o Império Otomano controlava a Terra de Israel, 25 de Julho de 1572 (5 Av  5332). Ele foi enterrado no Cemitério Antigo de Safed.




Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Isaac_Luria

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